quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A bala do vô

 

A bala do vô (Victor Chaves) 

Ele chamava à varanda 
Quebrava o silêncio com leveza 
Como fazem vento e passarinho 
Os olhos entremeados de tensão 
Ironizavam, ao passo que envolviam 
Era o vô Tunico, rendilhando o ar 
Exortava-nos, os netos 
A optarmos por uma de suas mãos 
Fechadas, cruzadas, trêmulas 
Receosos, batíamos numa delas e... 
Eis que ele se ria feito tudo que reluz 
E aparecia sempre a mesma bala 
A que chamávamos de "bala do vô" Erlan Toffee Bombom 
A mesma bala 
E nunca, nunca a mesma surpresa 
O tempo passou 
E enquanto ainda passa 
Percebo que vivos 
Estão os lembrados, ainda que mortos 
E que mortos 
Estão os esquecidos, ainda que vivos 
O vô permanece vivo 
Na continuidade dos seus 
Aqueles que se lembram dele antes de agir 
E se lembram por lembrar 
Na canção, no lugar 
No sabor de uma bala 

 (Agradeço à minha amiga Rosalina Vilela, o bom de ter conhecido sua fábrica de emoções, Erlan.)

Fonte: instagram.com/vcoficial

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