A dupla Victor & Leo completa 20 anos em 2012. Às vésperas da comemoração, os irmãos falam sobre a convivência profissional entre eles, que por 15 anos se apresentaram em bares antes do sucesso, hoje medido em discos de Diamante e de Platina, primeiros lugares nas paradas e no carinho dos fãs, que sempre vão aos shows. No Grande ABC, a apresentação mais recente ocorreu no aniversário de Diadema, dia 8 de dezembro.
Nesta entrevista, concedida em hotel paulistano por ocasião do lançamento do novo CD, Amor de Alma, os irmãos (batizados Vitor e Leonardo Chaves Zapalá Pimentel) falaram sobre o trabalho musical e como lidam no dia a dia com o fato de serem irmãos e sócios. Embora seja comum ver duplas sertanejas separarem-se de tempos em tempos, eles afastam tal possibilidade.
Em tom de emoção – aliás, marca do repertório sertanejo-folk que apresentam –, eles declaram-se privilegiados por terem um ao outro e revelam que, se por algum motivo não estiverem juntos, não pretendem seguir carreira solo. “A gente já teve essa crise de contestar o motivo de estarmos juntos. Não podemos continuar só porque ‘temos’ de continuar”, afirma Victor.
Sobre a possibilidade de não poderem mais se apresentar como dupla, Leo é enfático: “Eu pararia na hora”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
PARCERIA
Victor – Não podermos elevar a condição de irmão a uma obrigação profissional. A gente só canta junto porque quer. Depois que incorporamos esse pensamento, ficou muito mais confortável. Eu me sinto muito agradecido diante do Leo quando estou no palco e, mesmo concentrado, tenho sentimento de gratidão por ele existir. É um privilégio que a vida me dá. Se um dia ele não estiver aqui, por exemplo, se acontecer um acidente fatal, eu não sei se vou continuar a cantar. Preciso estar bem para poder passar algo bom. Então, acho que pararia mesmo. Não é que dependa, mas eu não vou querer (Leo, sentado ao lado, vira-se e aperta a mão de Victor, que retribui o gesto lacrimejando).
Leo – E eu? Não daria conta de entrar no palco sem você (Victor), de jeito nenhum. Mas não fala muito disso não, senão a gente começa a chorar...
GRATIDÃO
Victor – Às vezes, quando a gente tem uma discussão, falo que ela deveria ser bem menor diante do quão boa é a possibilidade de trabalhar ao lado do irmão e ganhar a vida fazendo algo que amo. Vejo isso como um grande privilégio. Também tenho a responsabilidade de me sentir grato por isso e de não pensar que a vida vai ser para sempre.
RESPONSABILIDADE
Victor – Depois que gravo um CD, tenho que ter sentimento de consciência limpa e de não estar devendo para mim e para nós. Neste disco (Amor de Alma), por exemplo, se aquela nota está mais alta é porque a gente quis assim, e ela está lá. Quanto eu estiver no fim da minha vida, quero olhar para trás e ver que aquilo que fiz – pelo menos a minha intenção – fez diferença para alguém. Não pode ser apenas por um motivo vago.
RELIGIÃO
Leo – A gente não tem religião. Somos espiritualistas e acreditamos no lado bom que cada um tem a oferecer, sem julgar. Acreditamos muito na ação, na autoajuda, na auto-observação. O que você fala, o que você pensa, o que você faz.
Nesta entrevista, concedida em hotel paulistano por ocasião do lançamento do novo CD, Amor de Alma, os irmãos (batizados Vitor e Leonardo Chaves Zapalá Pimentel) falaram sobre o trabalho musical e como lidam no dia a dia com o fato de serem irmãos e sócios. Embora seja comum ver duplas sertanejas separarem-se de tempos em tempos, eles afastam tal possibilidade.
Em tom de emoção – aliás, marca do repertório sertanejo-folk que apresentam –, eles declaram-se privilegiados por terem um ao outro e revelam que, se por algum motivo não estiverem juntos, não pretendem seguir carreira solo. “A gente já teve essa crise de contestar o motivo de estarmos juntos. Não podemos continuar só porque ‘temos’ de continuar”, afirma Victor.
Sobre a possibilidade de não poderem mais se apresentar como dupla, Leo é enfático: “Eu pararia na hora”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
PARCERIA
Victor – Não podermos elevar a condição de irmão a uma obrigação profissional. A gente só canta junto porque quer. Depois que incorporamos esse pensamento, ficou muito mais confortável. Eu me sinto muito agradecido diante do Leo quando estou no palco e, mesmo concentrado, tenho sentimento de gratidão por ele existir. É um privilégio que a vida me dá. Se um dia ele não estiver aqui, por exemplo, se acontecer um acidente fatal, eu não sei se vou continuar a cantar. Preciso estar bem para poder passar algo bom. Então, acho que pararia mesmo. Não é que dependa, mas eu não vou querer (Leo, sentado ao lado, vira-se e aperta a mão de Victor, que retribui o gesto lacrimejando).
Leo – E eu? Não daria conta de entrar no palco sem você (Victor), de jeito nenhum. Mas não fala muito disso não, senão a gente começa a chorar...
GRATIDÃO
Victor – Às vezes, quando a gente tem uma discussão, falo que ela deveria ser bem menor diante do quão boa é a possibilidade de trabalhar ao lado do irmão e ganhar a vida fazendo algo que amo. Vejo isso como um grande privilégio. Também tenho a responsabilidade de me sentir grato por isso e de não pensar que a vida vai ser para sempre.
RESPONSABILIDADE
Victor – Depois que gravo um CD, tenho que ter sentimento de consciência limpa e de não estar devendo para mim e para nós. Neste disco (Amor de Alma), por exemplo, se aquela nota está mais alta é porque a gente quis assim, e ela está lá. Quanto eu estiver no fim da minha vida, quero olhar para trás e ver que aquilo que fiz – pelo menos a minha intenção – fez diferença para alguém. Não pode ser apenas por um motivo vago.
RELIGIÃO
Leo – A gente não tem religião. Somos espiritualistas e acreditamos no lado bom que cada um tem a oferecer, sem julgar. Acreditamos muito na ação, na autoajuda, na auto-observação. O que você fala, o que você pensa, o que você faz.
RELACIONAMENTO
Leo – É o ponto-chave na vida das pessoas. Se você não souber se relacionar bem, não vai bem em lugar nenhum. Nem dentro de casa, com a família, e nem no trabalho.
Victor – E, principalmente, com você mesmo.
Leo – Nós dois estamos sempre juntos e, em situação de escolha, temos que ter isso em mente. Não adianta eu querer mandar nele e ele em mim. O fundamental é respeito. Ninguém muda ninguém. Temos que saber que o problema não está nos outros e sim em nós mesmos.
Victor – O duro é achar que o outro está errado porque não fez a escolha que você faria ou de achar que algo é ruim porque não te agrada. Acho que as pessoas gravitam muito em torno do próprio nariz, do tipo “eu sou f...”. Isso resulta de um amor-próprio tão pequeno. Tem gente que lida tão mal com si que, no fim de semana, quando não está trabalhando, teme o risco de ficar sozinha. Para a maioria, isso é desesperador.
ESCOLHA
Victor – Na hora de selecionar um trabalho, quando um não gosta, a gente não grava. Os dois têm de aprovar. Imagine: se irmão já briga, sócio então... De um tempo para cá, a gente começou a respeitar muito essa regra. “Vamos fazer assim? Tô junto”. Se um não quer, não gravamos.
RECORDAR É VIVER
Victor – A gente criou vínculo de sentimento com algumas músicas. Por isso, a gente regrava. Fuscão Preto, Passe Livre, Se Eu Não Puder Te Esquecer e Sexy Yemanjá (no último CD) a gente cantou em bares e são muito especiais. Foi uma escolha afetiva. Por exemplo, eu tinha 6 anos e mantenho clara a cena de meu pai e de familiares e amigos dançando, outros bebendo, e Fuscão Preto correndo solta. É muito alegre. Quando ouço essa música, volto para aquela cena. É parecido quando como algo que meus pais davam quando eu era pequeno. Por exemplo, goiabada com queijo. Hoje, quando como goiabada com queijo é quase como se estivesse comendo aquele momento, aquela emoção. É um portal para aquele momento, e isso me faz sentir bem.
VIOLAS
Victor – A palavra sertanejo advém de sertão. Se não tem sertão e se a pessoa não sabe o que é bucolismo ou não sabe vivenciar minimanente o sentido disso, então não está fazendo música sertaneja. Mas tem gente por aí dizendo que está. Não adianta colocar uma bota, chapéu, fivela, montar em um cavalo e fazer rock ou pop sem nenhum tipo de ligação ao sertão. Acho que tem gente que sabe o que está fazendo e tem gente que não sabe que está seguindo uma fórmula que mistura muita coisa num mesmo balaio.
CAVALOS
Leo – Estamos montando na capa, que é um pouco mais rural, mais natureza, mais fazenda, mais campo. Tudo foi coincidência. Adoro cavalos, crio cavalos e tenho a montaria entre meus hobbies preferidos.
ESTILO
Victor – O Renato Teixeira, no lançamento do documentário A História (2010), chegou para nós e falou: ”Vocês têm a essência de uma música renovada. Renovaram preservando a essência. Se existisse na música brasileira um som que pudesse ser chamada de folk, seria mais ou menos o que vocês fazem”. Acho que é isso. A gente tem a questão essencial da música sertaneja na veia, com grandes influências.
ECLÉTICOS
Leo – Uma das grandes referências musicais é a sertaneja de raiz, que crescemos escutando. Mas também ouvimos folk, rock, blues. A gente escuta muito blues. O violão dele tem muito essa pegada. Também gosto de bandas e pop nacional. E pegamos um pouco isso para as nossas músicas.
Victor – Tipo em 1992, 1993, quando usava-se fita cassete e eu fazia umas trilhas com minhas músicas prediletas de cantores variados. Por exemplo, eu pegava uma fita e batizava Apaixonado A Mil Por Hora. Aí começava com Neil Young e, na sequência, Trio Parada Dura, Dire Straits, Alceu Valença, Renato Teixeira/ John Lee Juu (blues do mais cru possível), Regional Sertanejo, Eagles, Simon & Garfunkel, Eric Clapton, James Taylor. O folk sempre esteve no meu carro e no do Victor.
MOMENTO
Victor – Esse novo CD tem muito a ver com as nossas pós-férias. A gente tirou pela primeira vez férias e este último trabalho tem muito a ver com um momento mais livre. Como se estivesse voando, solto, cheio de amor para dar, tudo a ver com o título: Amor de Alma.
Leo – Esse CD é alegre, enquanto que o do ano passado (Boa Sorte para Você) não era para colocar num churrasco, para dançar. Acho que tinha a ver com o momento que estávamos vivendo. Estávamos muito cansados e estressados, e quando se está estressado, a gente procura algo mais calmo, ficar no quarto, ficar de boa. Isso foi retratado no CD. Aí a gente tirou férias de três meses, no fim e início de 2011. Voltamos cheios de gás, cheios de amor para dar. Amor de Alma.
Fonte: Revista Dia-a-Dia.
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