domingo, 10 de novembro de 2013

Cheios de emoção


Nos anos noventa surgia uma dupla de sertanejos na cidade de Abre Campo, interior de Minas Gerais, um dos berços da música sertaneja. Victor Chaves Zapalá Pimentel e Leo Chaves Zapalá Pimentel tornaram-se Victor e Leo. Poderiam ter sido só mais uma dupla sertaneja brasileira, mas, com o tempo, ganharam espaço na mídia, explodiram nacional e internacionalmente e, a cada dia, vêm conquistando mais fãs. Todo esse sucesso fez a dupla chegar ao 11º CD, Viva Por Mim, agora pela gravadora Som Livre, com quem selaram contrato este ano. Leo conversou por telefone com O POVO. 

Viva Por Mim é o 11º trabalho da dupla e tem como principal característica ser “99% autoral”, como diz Leo, pois 11 das doze músicas que compõem o título são de autoria da dupla. Nos outros lançamentos, Victor se destacava por transpor suas emoções para as letras das músicas, agora, Leo também se arrisca nas composições. “De dois anos pra cá venho escrevendo mais, emprestando meus sentimentos, daí resolvi musicar isso e acho que ficou bacana”, comenta.

Outro ponto alto do novo trabalho fica por conta das parcerias. Três nomes diferentes, de três gerações distintas do sertanejo. Almir Sater, grande expoente da música sertaneja, principalmente nos anos oitenta, empresta sua voz à canção “Tudo Bem”; Bruno e Marrone colaboram em “Eu Vim Pra Te Buscar” e a dupla Jorge e Mateus enchem o disco com toda a sua jovialidade em “Guerreiro”, uma baladinha com toque mais eletrônico. 

No momento o duo está focado apenas na divulgação do novo álbum, e diga-se de passagem, bem forte. Recentemente os dois usaram um vagão de um metrô carioca em plena atividade para apresentar Viva Por Mim ao público. Para Leo, “foi uma coisa diferente, muito ousada”. Por isso, pensar em um DVD ou outro projeto apenas em 2015. Na entrevista concedida ao O POVO, Leo, em nome da dupla, falou sobre esses planos, suas parcerias e como está a produção da música sertaneja hoje. Confira!

O POVO - No que esse 11º álbum difere dos outros?
Leo: É um CD que produzimos sozinhos. E traz a diferença das composições. Só o meu irmão compunha e ,de dois anos pra cá, venho escrevendo mais, emprestando meus sentimentos, daí resolvi musicar isso e acho que ficou bacana....Tenho oito músicas nesse disco... É um CD que traz outros ingredientes que a gente não tinha usado. Tem base na música sertaneja de raiz, traz hard rock, R&B moderno, black music, soul... uma mistura de várias coisas, e mantém o folk regional sertanejo. Inova muito. É uma repaginada na nossa sonoridade.

OP: Para vocês o que seria a ‘música sertaneja de raiz’?
Leo: Uma sonoridade mais especifica, sempre foi mais acústica; violão, viola e acordeão, e ritmo também, e as letras, principalmente, tratam do campo, de coisas rurais. Para ser raiz, tem essa essência. 

OP: Vocês gravaram a faixa “Tudo Bem” com Almir Sater, um grande nome do sertanejo. Como foi a parceria?
Leo: O Almir sempre foi uma referência pra gente. Gravar com ele foi maravilhoso e essa música foi a cara dele. Passamos três dias gravando, nos divertindo e aprendendo.

OP: Além dele, vocês também cantam com Bruno e Marrone, que podem ser considerados de uma geração anterior a sua, e com Jorge e Mateus, que são mais novos, ou seja, vocês trabalham com três gerações diferentes do sertanejo. Isso dá um tom diferente ao disco?
Leo: Eu acho que isso soma, porque na verdade mostra um lado mais eclético, mais abrangente da dupla e isso sempre foi muito claro, sempre fizemos música onde cabia participação do rock, MPB.... Jorge e Mateus é uma dupla que admiro, que sabe fazer música, que cresceu ao longo dos anos. Quando a gente fez a música do gol (”Guerreiro”) achamos a cara deles, porque é tudo a ver com o que eles gravam. O Bruno é de uma geração anterior, mas que a gente participou, andou lado a lado. Quando chegamos no mercado, em 2006, Bruno & Marrone era o que a gente mais ouvia. Foi uma grande honra cantar com eles...Quando eu ouvia no estúdio já ouvia a voz do Bruno. Não foi uma coisa de mercado, a gente sentia dentro do estúdio e aí deu certo.

OP: Nos anos noventa surgiu o projeto “Amigos”, que trazia as duplas Zezé di Camargo e Luciano; Leandro e Leonardo e Chitãozinho e Xororó. Se hoje vocês viessem a formar um sexteto desses, com quais outras duplas gostariam de cantar?
Leo: É difícil falar sobre isso porque tem tanta dupla, mas, com certeza, o Jorge e Mateus seria uma dupla. Além da sonoridade, que a gente gosta muito, o público adora. Mas o mercado hoje é muito extenso. Inúmeras duplas estão fazendo um bom trabalho. A música sertaneja teve uma ascensão muito grande. Quando você balança uma árvore caem 30 duplas sertanejas (risos).

OP: E quem da nova geração do sertanejo você destacaria?
Leo: João Carreiro é capaz, tem estilo e qualidade e sabe o que faz. César Menotti e Fabiano têm estilo e personalidade musical. Eu citaria o Luan Santana, que evolui muito como cantor. A Paula Fernandes...

OP: Todos os seus discos têm canções autorais. Quais suas inspirações para compor?
Leo: Eu transponho emoções, sentimentos, situações amorosas... Na maioria, minhas músicas são letras romanceadas que falam de amor, coisas guardadas dentro de mim, situações vividas.

OP: Muitas das canções falam da terra, da casa. A gente viu isso em “Vida Boa”, “Deus e eu no sertão” e “Tudo Bem”. Por que o tema é tão presente?
Leo: Porque a gente viveu isso na infância. Eu e o Victor formos criados em fazenda. A vida simples, bucólica, sempre fez parte da nossa vida. Eu gosto muito de natureza e o Victor também. É uma coisa que está na veia .

OP: Semana passada vocês fizeram a divulgação do CD num metrô no Rio de Janeiro. Como foi a experiência e de onde partiu a ideia?
Leo: Foi uma coisa diferente, muito ousada. A Som Livre queria fazer uma surpresa. Eu fui pro metrô pensando em gravar um programa de TV. Chegando lá, todo lotado, cheio de fotos, com o cidadão carioca dentro do metrô. A gente fez contato, tirou foto, deu autógrafo.. Foi diferente de tudo que a gente já fez. O cara tá voltando do trabalho e tem a oportunidade de nos conhecer. Achei uma ideia arrojada e uma bela surpresa.

OP: E Fortaleza está na rota de divulgação do novo CD?
Leo: Sim! Fortaleza sempre tá na rota. É um lugar que adoramos e nos recebe com energia. Estamos com saudade de Fortaleza e acho que ano que vem voltaremos.

POR FALAR EM PARCERIAS...

Não foi apenas o CD Viva Por Mim que levou vários artistas a cantarem músicas que falam de amor e da vida bucólica no campo com Victor e Leo. Outras personalidades da música já dividiram o microfone com a dupla. Veja abaixo!

“NÃO PRECISA”, COM PAULA FERNANDES
Dessa vez foram Victor e Leo que emprestaram seu vocal a uma artista. No DVD Paula Fernandes Ao Vivo, lançado em 2011. A dupla cantou com Paula Fernandes a música “Não Precisa”, de autoria de Victor. A parceria fez sucesso, pois alcançou o top 10 da Billboard nacional e de Portugal e o vídeo do show já chega à marca de 45 milhões de visualizações.

“QUANDO VOCÊ SOME”, COM ZEZÉ DI CAMARGO E LUCIANO
Em setembro do ano passado, durante a gravação do DVD Victor e Leo - Ao Vivo em Floripa, a dupla Zezé Di Camargo e Luciano subiram ao palco para cantar a música “Quando Você Some”. Depois do show, a canção não saiu mais das paradas de sucesso das rádios de todo o Brasil.

“BOTECO DE ESQUINA”/ ”FIO DE CABELO”, COM CHITÃOZINHO E XORORÓ
Ainda no DVD “Ao Vivo em Floripa”, outra grande dupla da música sertaneja compartilhou os vocais com Victor e Leo. Chitãozinho e Xororó cantaram a música “Boteco de Esquina”, composta pro Victor Chaves, e “Fio de Cabelo”, de Marciano e Darci Rossi.

“DEUS E EU NO SERTÃO”, COM ALCIONE
Já no DVD Ao Vivo e a Cores em São Paulo, gravado em 2009, uma das musas da MPB, Alcione, cantou com a dupla um dos seus maiores sucessos: “Deus e Eu no Sertão”.

“CANÇÃO DO ELEFANTE”, COM XUXA
Nem a rainha dos baixinhos resistiu ao talento dos irmãos Chaves. No seu álbum Xuxa Só Para Baixinhos 10 a dupla participou cantando a “Canção do Elefante”. Na música infantil, eles têm uma conversa bem divertida com o pequeno Matheus.

Fonte: O Povo.

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