domingo, 3 de novembro de 2013

Victor, da dupla com Leo: "Queríamos repaginar nossa sonoridade"


Há mais de 20 anos, em Minas Gerais, o gosto por bandas de baladas norte-americanas levou o então adolescente mineiro Leonardo Chaves Zapalá Pimentel a formar uma banda cover que cantava músicas de bandas como Guns N’ Roses, Bon Jovi, Skid Row e outros. O vocal poderoso seguiu o mesmo, mas os caminhos o levaram a formar uma das duplas mais bem sucedidas da música sertaneja nacional, ao lado do irmão, Victor Chaves Zapalá Pimentel. Agora, em 2013, Victor & Leo chegam aos 21 anos de carreira e lançam Viva Por Mim (R$ 20, preço médio), 11º disco da carreira e primeiro da dupla composto inteiramente por músicas inéditas depois do estouro dos sertanejos, entre 2007 e 2008. Além de composições de Victor, um dos nomes que mais arrecada direitos autorais no Brasil, segundo o Ecad, e o lado compositor de Leo. 
Por telefone, um falante Victor, 38 anos, conversou com o Escuta Essa sobre o disco, sobre os rumos da música no país, sobre o surgimento de um Leo, 37, como compositor. 

Disco recheado de ritmos e de participações especiais


Entre 2007 e 2008, os irmãos, naturais de Abre Campos, Interior de Minas, mudaram o panorama da música sertaneja nacional. Rapidamente, misturando elementos de folk, guitarras roqueiras e sertanejo, com ares de galã, tomaram o país com o hit Borboletas e se transformaram os principais representantes do novo sertanejo brasileiro. No novo disco, o repertório apresenta importantes referências à música sertaneja de raiz, mas também dá espaço para outras influências, como o rock, o folk, o rhythm and blues e a black music. Gravado em Uberlândia, traz três participações especiais: Jorge e Mateus, na faixa Guerreiro, Bruno & Marrone, em Eu Vim Pra Te Buscar e Almir Sater, em Tudo Bem. Além das quatro faixas de Victor e seis de Leo com parceiros, o trabalho apresenta ainda duas músicas compostas a quatro mãos pelos irmãos: as ótimas O Tempo Não Apaga e Faz Bem Se Apaixonar.

“Queríamos repaginar nossa sonoridade”

Escuta Essa – Apesar da influência roqueira de vocês já ter aparecido um pouco em trabalhos anteriores, esse é um disco diferente, que traz mais pitadas do gênero. Era um desejo antigo? 
Victor - Sim, estava ansioso por isso. Temos 21 anos de carreira, estava na hora de se reinventar. Queríamos repaginar nossa sonoridade. Os primeiros discos da dupla foram mais acústicos, fincados no folk (gênero que combina elementos de música folclórica e de rock). Agora, trouxemos alguns adereços mais eletrônicos, teclados. É um disco bem mais rock! 

Escuta – O que vocês acham quando são apontados como representantes do sertanejo universitário? 
Victor - Não somos apenas isso. Quem ouvir esse novo disco vai ter certeza. Acredito que a gente transita entre vários ritmos. Mas falamos com propriedade de música sertaneja, quando esse é o objetivo, como na faixa com o Almir Sater (Tudo bem). Por outro lado, quem ouve uma canção como Nem Sei, ouve um rock puro. 

Escuta – Como surgiu a ideia de convidar três nomes da música de gerações tão diferentes, como Almir Sater, Bruno & Marrone e Jorge e Mateus? 
Victor - O Almir Sater, ao lado do Renato Teixeira, é uma referência daquela música de raiz. Já Bruno & Marrone representam aquele sertanejo bem humorado, que brinca com as letras. Já Jorge & Mateus são próximos da nossa geração, são extremamente competentes e dão aquela levada dançante para o disco. O disco ficou completo. 

Escuta – Como desabrochou esse lado compositor do Leo (pela primeira vez, ele tem mais composições que Victor em um disco)? 
Victor – Ele compôs alguma coisa comigo no passado, mas muito timidamente. Geralmente, ele entrava na parte da melodia. Então, começou a aflorar mais no Leo essa coisa da composição. Ele começou a me mostrar alguns textos que achei pertinentes e o incentivei, achei muito bom.

Escuta –  Vocês devem receber muito material de compositores de todo o país. Como é para selecionar? Conseguem ouvir tudo?
Victor - Na verdade, não dá pra ouvir tudo. Com as facilidades da internet, tem cara que nunca gravou nada e grava um disco com 13 faixas e nos manda. Nem ele sabe o que gravou. A maioria do que a gente escuta não tem muito ver com o nosso estilo. Mas o que a gente acha aproveitável, mesmo em outros ritmos, é utilizado. Por exemplo, Na Linha do Tempo foi enviada em um arranjo diferente. Mas, ao ouvir, gostamos a adaptamos. Mas a gente tem umas 400, 500 composições guardadas. Nem tudo é aproveitável, mas tem muita música para ser gravada.

Escuta –  Atualmente, vocês moram em Uberlândia. Pensam em fixar residência em São Paulo ou no Rio, como boa parte dos artistas?
Victor – Pela nossa natureza e de onde viemos, a gente tende a querer ficar tranquilo. Se morássemos em São Paulo, por exemplo, seria num condomínio mais afastado, alguma coisa que propiciasse tranquilidade, como na Serra da Cantareira, por exemplo. Por enquanto, Uberlândia (cidade no Triângulo Mineiro), ainda é calma, tem trânsito fluente e está bem localizada, no Centro do país. É mais fácil ir até cidades tão distantes como Manaus e Porto Alegre, por exemplo.

Escuta –  Como vocês lidam com a internet, com as novas mídias, que transformaram de maneira definitiva a música?
Victor – A internet apresenta a liberdade de a pessoa oferecer o seu produto diretamente, sem intermediários. E a minha liberdade de querer selecionar um trabalho “assim ou assado”. Quando só existiam as gravadoras, essas pessoas não tinham como mostrar seu trabalho. E as lojas só dispunham do trabalho do artista que tem gravadora. E na internet, tem ótimos trabalhos, mas também tem muita coisa ruim. É a boa liberdade: cada um ouve o que quer.

Escuta –  Quando deve ter início a turnê do novo disco? Previsão de show no Rio Grande do Sul? 
Victor - Em março de 2014, acredito. Esperamos ir para o Sul, temos ótimas lembranças de shows que fizemos em ótimas edições do Planeta Atlântida (a última participação dos irmãos no festival foi em 2010).

Fonte: Clicrbs/Escuta Essa.

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