Se pegarmos os primeiros colocados das paradas musicais do país nos
últimos anos, sem dúvida alguma iremos nos deparar com a presença de
diversos cantores e duplas da chamada “nova música sertaneja”. É o caso,
por exemplo, dos “hitmakers” Michel Teló, Gusttavo Lima, Luan Santana,
Jorge e Mateus, e João Bosco e Vinicius. Ao analisar esse cenário em
entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan FM, Victor e
Leo, outros importantes representantes do gênero, admitiram que às
vezes sentem que falta originalidade.
“A música sertaneja vem
sofrendo com a falta de artistas que têm identidade, personalidade. Tudo
vai na mesma linha, a que está rolando. Isso é ruim não só para o
gênero, mas para a música como um todo”, disse Leo. “É o capitalismo. As
pessoas querem dinheiro e não arte”, completou.
Victor
foi ainda mais fundo na discussão. Para ele, a qualidade da música
reflete a qualidade da educação no país de maneira diretamente
proporcional. Se uma é de baixa qualidade, a outra também será.
“Houve
um tempo em que tínhamos referenciais de maior conteúdo. Em nível
intelectual mesmo. Interpretação de texto, figuras de linguagem. Acho
que a grade escolar vem piorando nesse sentido. Aí piora também o nível
de absorção geral. Não estou me colocando em uma categoria superior, mas
tem cara que é considerado cantor hoje que não entraria em um estúdio
de rádio anos atrás. É tudo questão de referencial”, afirmou.
Eles
garantem, porém, que, mesmo com todas essas dificuldades existentes no
mercado, é possível ir contra a corrente e surpreender o público com
novidades.
“A música Na Linha do Tempo, que é a nossa nova música de
trabalho, por exemplo, foi a mais tocada no país inteiro durante 10
semanas. Ainda está na briga acho. E é uma música diferente, sua
essência é contrária à tendência do mercado. É isso que buscamos. Fazer
algo que converse com o mercado, mas sem banalizar, sem perder
qualidade”, continuou Leo.
O assunto surgiu quando os músicos contavam detalhes do recente Viva Por Mim, 11° disco de estúdio da carreira, que, segundo eles, é um dos álbuns mais inovadores que já fizeram.
“Ele
é diferente. Traz muita influência de outros estilos que ainda não
tínhamos usado. Hard rock, R&B moderno e soul, por exemplo. Há uma
pitada de variedades, uma série de temperos novos. As pessoas até
estranham quando ouvem”, disse Victor.
Vale lembrar que o disco chega em um momento bastante peculiar para os artistas. O trabalho anterior da dupla, o Ao Vivo em Floripa,
levou o prêmio de Melhor Álbum de Música Sertaneja na última edição do
Grammy Latino, realizado no mês de novembro em Las Vegas. Eles
concorreram com Michel Teló, Marcos e Bellutti, Jorge e Mateus, e João
Bosco e Vinicius.
“Já tivemos cinco álbuns indicados. Quando
perguntavam se a gente achava que tinha chance de ganhar, respondíamos
que não mais. Foi lindo, cara. Maravilhoso”, comentou Leo.
Ouça a entrevista da dupla na íntegra clicando aqui.
Fonte: Jovem Pan.
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