Victor & Leo são geniais. Isso é um fato incontestável. Estão entre alguns pouquíssimos artistas sertanejos que conseguiram criar uma identidade inimitável, um estilo próprio, que por vezes os fazem ser considerados não-sertanejos pelos mais conservadores, que acham que a música sertaneja deve ser travada, padronizada, imutável. E esse estilo próprio conquistado pela dupla reflete-se neste novo disco tanto nas suas qualidades quanto nos seus defeitos. É que ao mesmo tempo em que essa preocupação com a manutenção da própria identidade ajuda a realçar os pontos positivos do disco, também acaba fazendo com que a dupla deixe de corrigir alguns dos poucos pontos negativos.
É o 3º DVD da dupla. Foi gravado ao vivo na cidade de Florianópolis no dia 28 de março, na mesma semana em que foi gravado na mesma cidade o DVD da dupla Jorge & Mateus. Nada a ver com a história, mas levei o “meu tiro” justamente na terça-feira (27) entre as duas gravações. Se eu tivesse ficado em Floripa para acompanhar o DVD de Victor & Leo, não teria levado um tiro. Em contrapartida, não teria concebido o bebê que a minha esposa está esperando, que segundo a médica foi concebido justamente na segunda-feira, dia 26. Curiosidades da vida de blogueiro, mas enfim…
Em comparação com os outros DVDs gravados pela dupla, é bem evidente que a dupla quis resgatar um pouco da alma do primeiro DVD, gravado em Uberlândia em 2007. Primeiro pelo estilo de show, em local aberto e para um grande público. Em Uberlândia, 30 mil pessoas assistiram a gravação. Em Floripa, segundo informações da polícia militar de Florianópolis, nada mais nada menos que 200 mil pessoas!!! Trouxeram de volta, também, o mesmo diretor do primeiro DVD, Santiago Ferraz, que desta vez não se limitou apenas ao feijão com arroz do LED atrás do palco, como costumeiramente faz. Um cenário com setas cenográficas, violões e outras coisas, todas abarrotadas de lâmpadas coloridas, concebido pelo Zé Carratu. A bem da verdade, o cenário lembra muito o do DVD “Na Balada”, do Michel Teló.
E se em outros trabalhos a dupla convidava no máximo um ou dois artistas para gravar alguma participação, neste as participações estão presentes em pelo menos metade das músicas. Zezé di Camargo & Luciano em duas canções, Chitãozinho & Xororó em três, Paula Fernandes em duas, Pepeu Gomes em uma, Tiaguinho em uma, Nando Reis e Haroldo Ferretti (baterista do Skank) em outra. Curiosamente, achei (questão apenas de gosto pessoal) a música “Beijo de Luz”, com Chitãozinho & Xororó, mais a cara de Zezé di Camargo & Luciano e a música com Zezé di Camargo & Luciano, “Quando você some”, mais a cara de Chitãozinho & Xororó.
Duas participações, entretanto, têm um significado um pouco mais profundo. A cantora Nice, que a dupla conheceu num desses camarins da vida enquanto ela buscava uma chance de mostrar seu talento para eles, conquistando-os com sua voz (que lembra bastante a da Paula Fernandes), mandou benzaço na música “Sem negar”, de autoria dela. E o cantor Marciano (que também cantou a canção “Se eu não puder te esquecer”) foi homenageado por Victor & Leo, Zezé di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó durante sua participação na música “Ainda ontem chorei de saudade”. Uma triste coincidência: o antigo parceiro do Marciano, João Mineiro, morrera 4 dias antes da gravação deste DVD, o que torna esta homenagem ainda mais significativa.
Interessante ver, novamente, a dupla fazendo experimentações. No primeiro DVD, apenas violões e acordeon nos arranjos. No segundo DVD, a banda ganhou o acompanhamento de um hammond, que foi utilizado em mais um trabalho posterior. No terceiro DVD, excluíram o hammond e colocaram pela primeira vez uma guitarra ajudando a compor as harmonias e alguns dos arranjos. Entretanto, os volumes aplicados na mixagem da guitarra e do acordeon ficaram um pouco aquém do esperado. A guitarra, apesar de em algumas músicas estar num volume bacana, em outras, como na música de trabalho “Não me perdoei”, poderia ter sido mixada de uma forma mais pesada. Mas enfim, é tudo uma questão de preferência. Victor & Leo sempre mostraram preferir um som mais simples, mais acústico. Talvez por isso o volume não muito alto da guitarra. A utilização de elementos como este nos trabalhos deles chega a ser ousada.
Mas o volume do acordeon, que durante todo o DVD ficou num nível bem baixo se comparado aos demais instrumentos, poderia realmente ter ganhado alguns “centavinhos” a mais na mixagem. Até porque este disco, assim como o “Amor de Alma”, procura deixar o show da dupla Victor & Leo mais agitado, com algumas canções inéditas na linha dançante, inclusive, coisa que só tinha acontecido no disco “Amor de Alma”. Essa “economia” no peso da guitarra e do acordeon, entretanto, não foi percebida na mixagem dos instrumentos utilizados por algumas das participações. A guitarra do Pepeu Gomes, por exemplo, ficou bem marcante. O mesmo pode ser dito na gaita gravada pelo Gabriel Grossi (primo da dupla) na canção “Altas Horas”, que contou com a participação do Nando Reis.
Agora uma coisa que é importante destacar sobre este disco é a altíssima qualidade das letras das músicas inéditas. Não que as letras do Victor já não fossem incríveis. Mas nos dois discos anteriores, pelo menos, convenhamos que algumas canções deixaram a desejar com relação ao conteúdo poético em comparação com boa parte das canções de Victor & Leo. Neste DVD, entretanto, as canções inéditas foram todas muuuuuito bem escritas e com uma harmonia muito bem aplicada. Sei lá se o Victor sofreu alguma decepção amorosa nesse meio tempo, hehe, mas de fato ele estava muuuuuito inspirado quando escreveu estas músicas. Curiosa também é a interpretação do Leo, que cantou com um sotaque carregado em algumas músicas, com o “S” meio “acariocado”, se é que podemos dizer assim. Mas isso só ressalta a qualidade e autenticidade da interpretação ao vivo. Não vejo como um defeito.
A opção pelo som mais cru, que de fato condiz com a preocupação deles em não perder os elementos que destacam sua a identidade, talvez seja um pouco arriscada, já que o áudio do disco, de uma forma geral, fica mais simples do que a gente costuma ouvir. Em termos de competitividade e de qualidade técnica (não de arranjos e harmonias, ressalto), talvez este disco esteja um pouco aquém dos discos que estão sendo lançados ultimamente. Em outros tempos, principalmente quando eles se destacaram para o Brasil, quando o som sertanejo passava por uma fase mais simples, com maior valorização de violões, essa opção era de fato a mais inteligente. Hoje em dia, com a volta das mega produções, das masterizações mais pesadas e agressivas, Victor & Leo fazendo um som cru soa despreocupado. Não que isso seja ruim. Só demonstra, de fato, que eles alcançaram a maturidade profissional que pretendiam. Chegaram num ponto onde não têm mais a necessidade de provar nada a ninguém e podem fazer o tipo de música que quiserem, com o tipo de som que desejam. Não se preocupam mais tanto assim com o mercado. Afinal de contas, se já está essa “merda” que tanta gente anda dizendo em entrevistas e tudo mais, o melhor a fazer talvez seja mesmo deixar o povo se matando e correr por fora fazendo o seu sem entrar no meio da briga.
É o 3º DVD da dupla. Foi gravado ao vivo na cidade de Florianópolis no dia 28 de março, na mesma semana em que foi gravado na mesma cidade o DVD da dupla Jorge & Mateus. Nada a ver com a história, mas levei o “meu tiro” justamente na terça-feira (27) entre as duas gravações. Se eu tivesse ficado em Floripa para acompanhar o DVD de Victor & Leo, não teria levado um tiro. Em contrapartida, não teria concebido o bebê que a minha esposa está esperando, que segundo a médica foi concebido justamente na segunda-feira, dia 26. Curiosidades da vida de blogueiro, mas enfim…
Em comparação com os outros DVDs gravados pela dupla, é bem evidente que a dupla quis resgatar um pouco da alma do primeiro DVD, gravado em Uberlândia em 2007. Primeiro pelo estilo de show, em local aberto e para um grande público. Em Uberlândia, 30 mil pessoas assistiram a gravação. Em Floripa, segundo informações da polícia militar de Florianópolis, nada mais nada menos que 200 mil pessoas!!! Trouxeram de volta, também, o mesmo diretor do primeiro DVD, Santiago Ferraz, que desta vez não se limitou apenas ao feijão com arroz do LED atrás do palco, como costumeiramente faz. Um cenário com setas cenográficas, violões e outras coisas, todas abarrotadas de lâmpadas coloridas, concebido pelo Zé Carratu. A bem da verdade, o cenário lembra muito o do DVD “Na Balada”, do Michel Teló.
E se em outros trabalhos a dupla convidava no máximo um ou dois artistas para gravar alguma participação, neste as participações estão presentes em pelo menos metade das músicas. Zezé di Camargo & Luciano em duas canções, Chitãozinho & Xororó em três, Paula Fernandes em duas, Pepeu Gomes em uma, Tiaguinho em uma, Nando Reis e Haroldo Ferretti (baterista do Skank) em outra. Curiosamente, achei (questão apenas de gosto pessoal) a música “Beijo de Luz”, com Chitãozinho & Xororó, mais a cara de Zezé di Camargo & Luciano e a música com Zezé di Camargo & Luciano, “Quando você some”, mais a cara de Chitãozinho & Xororó.
Duas participações, entretanto, têm um significado um pouco mais profundo. A cantora Nice, que a dupla conheceu num desses camarins da vida enquanto ela buscava uma chance de mostrar seu talento para eles, conquistando-os com sua voz (que lembra bastante a da Paula Fernandes), mandou benzaço na música “Sem negar”, de autoria dela. E o cantor Marciano (que também cantou a canção “Se eu não puder te esquecer”) foi homenageado por Victor & Leo, Zezé di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó durante sua participação na música “Ainda ontem chorei de saudade”. Uma triste coincidência: o antigo parceiro do Marciano, João Mineiro, morrera 4 dias antes da gravação deste DVD, o que torna esta homenagem ainda mais significativa.
Interessante ver, novamente, a dupla fazendo experimentações. No primeiro DVD, apenas violões e acordeon nos arranjos. No segundo DVD, a banda ganhou o acompanhamento de um hammond, que foi utilizado em mais um trabalho posterior. No terceiro DVD, excluíram o hammond e colocaram pela primeira vez uma guitarra ajudando a compor as harmonias e alguns dos arranjos. Entretanto, os volumes aplicados na mixagem da guitarra e do acordeon ficaram um pouco aquém do esperado. A guitarra, apesar de em algumas músicas estar num volume bacana, em outras, como na música de trabalho “Não me perdoei”, poderia ter sido mixada de uma forma mais pesada. Mas enfim, é tudo uma questão de preferência. Victor & Leo sempre mostraram preferir um som mais simples, mais acústico. Talvez por isso o volume não muito alto da guitarra. A utilização de elementos como este nos trabalhos deles chega a ser ousada.
Mas o volume do acordeon, que durante todo o DVD ficou num nível bem baixo se comparado aos demais instrumentos, poderia realmente ter ganhado alguns “centavinhos” a mais na mixagem. Até porque este disco, assim como o “Amor de Alma”, procura deixar o show da dupla Victor & Leo mais agitado, com algumas canções inéditas na linha dançante, inclusive, coisa que só tinha acontecido no disco “Amor de Alma”. Essa “economia” no peso da guitarra e do acordeon, entretanto, não foi percebida na mixagem dos instrumentos utilizados por algumas das participações. A guitarra do Pepeu Gomes, por exemplo, ficou bem marcante. O mesmo pode ser dito na gaita gravada pelo Gabriel Grossi (primo da dupla) na canção “Altas Horas”, que contou com a participação do Nando Reis.
Agora uma coisa que é importante destacar sobre este disco é a altíssima qualidade das letras das músicas inéditas. Não que as letras do Victor já não fossem incríveis. Mas nos dois discos anteriores, pelo menos, convenhamos que algumas canções deixaram a desejar com relação ao conteúdo poético em comparação com boa parte das canções de Victor & Leo. Neste DVD, entretanto, as canções inéditas foram todas muuuuuito bem escritas e com uma harmonia muito bem aplicada. Sei lá se o Victor sofreu alguma decepção amorosa nesse meio tempo, hehe, mas de fato ele estava muuuuuito inspirado quando escreveu estas músicas. Curiosa também é a interpretação do Leo, que cantou com um sotaque carregado em algumas músicas, com o “S” meio “acariocado”, se é que podemos dizer assim. Mas isso só ressalta a qualidade e autenticidade da interpretação ao vivo. Não vejo como um defeito.
A opção pelo som mais cru, que de fato condiz com a preocupação deles em não perder os elementos que destacam sua a identidade, talvez seja um pouco arriscada, já que o áudio do disco, de uma forma geral, fica mais simples do que a gente costuma ouvir. Em termos de competitividade e de qualidade técnica (não de arranjos e harmonias, ressalto), talvez este disco esteja um pouco aquém dos discos que estão sendo lançados ultimamente. Em outros tempos, principalmente quando eles se destacaram para o Brasil, quando o som sertanejo passava por uma fase mais simples, com maior valorização de violões, essa opção era de fato a mais inteligente. Hoje em dia, com a volta das mega produções, das masterizações mais pesadas e agressivas, Victor & Leo fazendo um som cru soa despreocupado. Não que isso seja ruim. Só demonstra, de fato, que eles alcançaram a maturidade profissional que pretendiam. Chegaram num ponto onde não têm mais a necessidade de provar nada a ninguém e podem fazer o tipo de música que quiserem, com o tipo de som que desejam. Não se preocupam mais tanto assim com o mercado. Afinal de contas, se já está essa “merda” que tanta gente anda dizendo em entrevistas e tudo mais, o melhor a fazer talvez seja mesmo deixar o povo se matando e correr por fora fazendo o seu sem entrar no meio da briga.
Nota: 9,0
Fonte: Blognejo.
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