Por Luisa Migueres
Os irmãos Victor & Leo formam uma das duplas mais bem sucedidas da músicas sertaneja desde 2007, quando foram lançados ao sucesso. Desde então, firmaram seu espaço na música popular brasileira e hoje lançam seu terceiro DVD, Ao Vivo em Floripa, gravado na capital catarinense, uma das regiões preferidas da dupla no País.
Repleto de parcerias, o DVD ainda traz novidades como a cantora Nice, que eles conheceram nos bastidores de um show em Guaçuí, no Espírito Santo, e que teve a oportunidade de dividir o palco do show cantando uma composição própria. No entanto, os músicos fazem questão de deixar claro que a intenção nunca foi ajudar ou apadrinhar novos artistas. "Alcançar o sucesso graças a um padrinho não é mérito nenhum", afirma Leo.
Em entrevista ao Terra, a dupla ainda fala sobre a fama, a falta de tempo que vem acompanhada dela e afirmam que gostariam que houvessem mais cantoras como Paula Fernandes no Brasil.
Terra - Como foi diferente esse show do DVD Ao Vivo em Floripa?
Victor - Uma das diferenças é que a gente resolveu fazer esse DVD 20 dias antes. Em apenas 20 dias a gente tinha que produzir, arranjar e movimentar toda uma equipe pra fazer acontecer. E aquela é uma estrutura que exigiria muito mais tempo para ter um êxito garantido.
Leo - Mas já sabíamos que seria em Floripa há mais de um ano.
Victor - Todos os shows no Sul são maravilhosos desde 2007, quando nosso trabalho ficou mais conhecido. A gente tem uma relação muito peculiar e positiva com todas as regiões do País, mas no Sul, a educação, a cultura... Teve uma receptividade enorme com a nossa música. E um dia a gente tava sobrevoando Floripa após ter feito um show lá e viu aquela ponte. Então demos por certo que gravaríamos um DVD lá. E a gente está sempre alternando. Um ano em estúdio e um ano gravando ao vivo, e aí ficamos dois anos em estúdio e já sabíamos que o próximo ao vivo seria lá.
Terra - Vocês costumam se envolver em toda a concepção do show?
Leo - De tudo, desde o cenário até a luz, a parte musical... A gente é meio chato demais, sabe? Temos dedo em tudo. O diretor é um cara supercompetente, a gente já tinha trabalhado com ele, temos uma confiança muito grande no Santiago. E ele sabe que a gente gosta de opinar em tudo. Tanto nas luzes, no cenário, no palco, colocação, capa, foto... Participamos de todas essas questões dos nossos discos.
Terra - Notei que a agenda de vocês atual costuma ter quatro shows e uma pausa. O que vocês fazem nesses dias?
Leo - Hoje é uma pausa (risos). Desde 2007, 2008, quando a gente apareceu no mercado e nossa música se tornou conhecida, a gente teve uma agenda muito corrida, cheia de compromissos. Fazíamos mais shows do que hoje, era uma questão de escolha. Uma série de questões influenciaram nisso. A partir de 2010 - eu tenho família, filhos, esposa, o Victor também tem as questões pessoais dele que influenciam muito - a gente teve uma reunião e decidiu viver um pouquinho mais. Então fizemos uma reunião e hoje temos uma agenda mais enxuta. Quando passam de cinco shows por semana, já passou da média. Nos dias de folga também temos compromisso, de divulgação, visitamos rádio, viajamos... Daqui pra frente acredito que será sempre assim.
Terra - Como se deu a parceria entre vocês e o Pepeu Gomes no DVD?
Victor - No decorrer do disco, a gente tem várias canções próprias e algumas regravações como releituras. Essas regravações são baseadas na história que elas têm conosco, as tocamos nos bares, elas nos acompanharam em alguns momentos. E tocávamos Sexy Iemanjá há 20 anos. Uma hora a gente tinha que regravá-la, e assim fizemos no ano passado. E o Pepeu foi muito elogioso, soubemos que ele havia gostado e queríamos tê-lo conosco no palco como uma referência de repertório, que achamos muito rico e pouco conhecido pelas novas gerações. Então tínhamos que tê-lo.
Victor - Foi mais fácil do que por encomenda, né Leo? A gente teve uma afinidade superbacana.
Leo - Batemos um papo com ele antes no camarim, conhecemos um pouco da história de vida dele. O Pepeu é um gigante, né? Um grande compositor, músico e cantor da música brasileira. É um cara que canta bem demais. No ensaio, dois dias antes, a gente já sabia que seria aquilo ali, que ela seria uma música marcante.
Terra - E as demais parcerias? Como vocês escolheram esses artistas?
Leo - A gente não convidou ninguém somente para estar ali ou com segundas intenções. Convidamos por termos uma história de admiração pelo trabalho. O Zezé e Luciano foi uma das duplas, assim como muitas outras, que nos influenciou. Então é uma referência que a gente tem. Temos uma admiração e um respeito muito grande pela história deles, e o convite já tinha sido feito há um tempo. Depois eles foram ao lançamento do nosso último projeto, Amor de Alma, em Uberlândia. Cantamos uma música juntos, então houve uma aproximação de uns anos pra cá, além da admiração profissional. A gente também sempre teve uma admiração grande pelo Thiaguinho. Quando ele era do Exalta, já o achava um grande cantor. Ele ia a shows nossos e começou a surgir uma amizade quando nos encontrávamos nos eventos. Sempre tivemos uma simpatia por ele muito grande. Essa música, Maluco, já existia há muito tempo. A gente decidiu chamar o Thiaguinho por achar que ela é a cara dele.
Victor - E pelo fato dela jamais ser gravada por nós (risos). Ela ficava sempre guardada, porque eu fiz ela meio pagodinho, mas jamais a gravaria. Não tem a ver intrinsecamente com a gente. Nós nunca fizemos um pagode.
Leo - Semprei adorei o Nando Reis também, as composições dele, a postura dele no palco. O rock nacional é uma grande referência pra gente.
Terra - A Paula Fernandes também ficou superfeliz com a participação no show. Como é a amizade dela com vocês?
Victor - A gente já se conhece há mais de dez anos, conhecemos a Paulinha desde novinha. Gravamos uma música dela no Ao Vivo em Uberlândia e de alguma maneira aquilo ali aproximou mais o nosso contato artístico. A partir de então, depois que ela ficou conhecida e ela gravou uma música minha chamada Não Precisa, as pessoas querem muito ver a gente cantando com ela a canção que gravamos primeiro, Meu Eu Em Você. E ela participou conosco do disco passado com uma canção chamada Sonhos e Ilusões em Mim.
Terra - Como é a relação de vocês com essa nova geração de artistas sertanejos?
Victor - Quase todos são muito solicitos, elogiosos. O Michel Teló já foi a muitos shows da gente, Gusttavo Lima também... Todos eles, dessa nova geração, respeitam muito nosso trabalho.
Terra - Podem contar um pouco da história de vocês com a aquela cantora que aparece no DVD? Vocês a conheceram nos bastidores de um show?
Leo - Ela se chama Nice e a conhecemos no nosso camarim em um show em Guaçuí, no Espírito Santo. Ela entrou querendo nos apresentar uma música que ela queria que a gente gravasse. Ficamos realmente encantados com o timbre de voz dela. Pedimos que ela entrasse em contato conosco depois, para conhecer o trabalho dela. Aí ela enviou um CD com músicas que ela compôs e a convidamos para ir a um ensaio nosso em Floripa. Foi quando conhecemos mais da história de vida dela, que é fantástica. História vencedora, de uma pessoa que sofreu preconceito por parte da sociedade, por não ter condição financeira privilegiada e, com o talento e arte, seguiu na música. Ela é uma guerreira e muito talentosa.
Victor - Já houve oportunidade de pessoas querendo fazer uma matéria conosco e com ela, mas a gente prefere que ela seja lançada sozinha, como grande cantora e compositora. Se nós fizermos isso agora, vamos virar os "padrinhos", e isso pra ela não é legal.
Terra - Vocês já pensaram em apadrinhar algum artista?
Victor - Essa coisa de ajudar é muito relativa. A Nice, pra nós, é uma exceção. Ela realmente nos encantou profundamente. Ela é diferente de tudo o que a gente já viu. As composições dela são muito maduras, de ficar de boca aberta. Ela tem uma forma simplista e, ao mesmo tempo, muito sofisticada de escrever músicas. Eu acredito que nessa história de ficar pegando artistas imaturos ou muito jovens e colocando esse pessoal exposto ao "sucesso", à fama fácil, à volúpia da internet... Acho isso muito perigoso. Isso não é ajudar ninguém, porque eu acho que o artista ele não nasce pra ser ajudado, e sim pra passar arte, e se ao passar essa arte ele chega até o público, ele tem méritos. Agora, se fica famoso com a grana de alguém ou com a ajuda de um padrinho, isso não é mérito nenhum. Ele tá levantando um troféu que não é dele.
Terra - Vocês costumam se incomodar com a falta de privacidade que a fama traz?
Leo - O que mais enche o saco pra mim é o julgamento das pessoas. Mas eu ligo muito o foda-se. Quando você a vida exposta, tem que estar muito atento ao que você faz e fala. E aí você não tem tanta liberdade de fazer o que quer. Mas o fato das pessoas me assediarem ou tirarem um pouco da minha privacidade, não me incomoda, até porque se tá na chuva é pra se molhar. Eu recebo de braços abertos.
Vocês sentem falta de mais cantoras sertanejas no Brasil?
Leo - Talvez exista uma carência de cantoras sertanejas. Mas não sei se sempre foi assim. Na época em que eu comecei a escutar música sertaneja, tinha a Roberta Miranda, a Sula Miranda, mas eram poucas. Acho que ficou um tempo sem novidade no mercado sertanejo feminino, e a Paula Fernandes veio numa hora excelente, trazendo uma música de qualidade, mudando uma vertente.
Victor - Seria bom se as outras cantoras fossem boas como ela. Se tiver coisa ruim, é melhor ficar sem (risos).
Terra - Nos shows, o Victor costuma ficar mais parado, tocando o violão e o Leo ocupando o palco. Isso é só uma limitação de instrumento ou reflete um pouco a personalidade de vocês também?
Leo - Desde criança eu sempre fui hiperativo. Meus pais tinham que ter cuidado comigo, e meus filhos também são assim. Na música, é mais pelas referências que tenho, pelo que eu gosto em um artista. Então eu sempre gostei muito de ver o Garth Brooks no palco, a Tina Turner... E do rock também, que é mais desencanado, faz o que tá a fim ali e (desculpe o termo) foda-se o que vão pensar.
Victor - No meu caso até tem a ver com a minha personalidade, porque eu sou mais quieto e tranquilo mesmo. Ao mesmo, eu faço todos os solos e todos os arranjos iniciais de todas as canções. Se eu tirar a mão do meu instrumento ou me dispersar em algum momento, o show desanda. Acho que o Leo faz o resto muito bem, ele tem uma presença de palco ferrada, como poucos artistas. Não tô enchendo sua bola não (risos). Eu fico muito tranquilo, entendeu? O cara tá muito bem na fita.
Leo - Se você for verdadeiro em cima do palco, isso é tudo, porque se for mentiroso, mais cedo ou mais tarde as pessoas vão perceber. O público sente quando é uma mentira. Isso é o mais importante.
Fonte: Terra.
Repleto de parcerias, o DVD ainda traz novidades como a cantora Nice, que eles conheceram nos bastidores de um show em Guaçuí, no Espírito Santo, e que teve a oportunidade de dividir o palco do show cantando uma composição própria. No entanto, os músicos fazem questão de deixar claro que a intenção nunca foi ajudar ou apadrinhar novos artistas. "Alcançar o sucesso graças a um padrinho não é mérito nenhum", afirma Leo.
Em entrevista ao Terra, a dupla ainda fala sobre a fama, a falta de tempo que vem acompanhada dela e afirmam que gostariam que houvessem mais cantoras como Paula Fernandes no Brasil.
Terra - Como foi diferente esse show do DVD Ao Vivo em Floripa?
Victor - Uma das diferenças é que a gente resolveu fazer esse DVD 20 dias antes. Em apenas 20 dias a gente tinha que produzir, arranjar e movimentar toda uma equipe pra fazer acontecer. E aquela é uma estrutura que exigiria muito mais tempo para ter um êxito garantido.
Leo - Mas já sabíamos que seria em Floripa há mais de um ano.
Victor - Todos os shows no Sul são maravilhosos desde 2007, quando nosso trabalho ficou mais conhecido. A gente tem uma relação muito peculiar e positiva com todas as regiões do País, mas no Sul, a educação, a cultura... Teve uma receptividade enorme com a nossa música. E um dia a gente tava sobrevoando Floripa após ter feito um show lá e viu aquela ponte. Então demos por certo que gravaríamos um DVD lá. E a gente está sempre alternando. Um ano em estúdio e um ano gravando ao vivo, e aí ficamos dois anos em estúdio e já sabíamos que o próximo ao vivo seria lá.
Terra - Vocês costumam se envolver em toda a concepção do show?
Leo - De tudo, desde o cenário até a luz, a parte musical... A gente é meio chato demais, sabe? Temos dedo em tudo. O diretor é um cara supercompetente, a gente já tinha trabalhado com ele, temos uma confiança muito grande no Santiago. E ele sabe que a gente gosta de opinar em tudo. Tanto nas luzes, no cenário, no palco, colocação, capa, foto... Participamos de todas essas questões dos nossos discos.
Terra - Notei que a agenda de vocês atual costuma ter quatro shows e uma pausa. O que vocês fazem nesses dias?
Leo - Hoje é uma pausa (risos). Desde 2007, 2008, quando a gente apareceu no mercado e nossa música se tornou conhecida, a gente teve uma agenda muito corrida, cheia de compromissos. Fazíamos mais shows do que hoje, era uma questão de escolha. Uma série de questões influenciaram nisso. A partir de 2010 - eu tenho família, filhos, esposa, o Victor também tem as questões pessoais dele que influenciam muito - a gente teve uma reunião e decidiu viver um pouquinho mais. Então fizemos uma reunião e hoje temos uma agenda mais enxuta. Quando passam de cinco shows por semana, já passou da média. Nos dias de folga também temos compromisso, de divulgação, visitamos rádio, viajamos... Daqui pra frente acredito que será sempre assim.
Terra - Como se deu a parceria entre vocês e o Pepeu Gomes no DVD?
Victor - No decorrer do disco, a gente tem várias canções próprias e algumas regravações como releituras. Essas regravações são baseadas na história que elas têm conosco, as tocamos nos bares, elas nos acompanharam em alguns momentos. E tocávamos Sexy Iemanjá há 20 anos. Uma hora a gente tinha que regravá-la, e assim fizemos no ano passado. E o Pepeu foi muito elogioso, soubemos que ele havia gostado e queríamos tê-lo conosco no palco como uma referência de repertório, que achamos muito rico e pouco conhecido pelas novas gerações. Então tínhamos que tê-lo.
Victor - Foi mais fácil do que por encomenda, né Leo? A gente teve uma afinidade superbacana.
Leo - Batemos um papo com ele antes no camarim, conhecemos um pouco da história de vida dele. O Pepeu é um gigante, né? Um grande compositor, músico e cantor da música brasileira. É um cara que canta bem demais. No ensaio, dois dias antes, a gente já sabia que seria aquilo ali, que ela seria uma música marcante.
Terra - E as demais parcerias? Como vocês escolheram esses artistas?
Leo - A gente não convidou ninguém somente para estar ali ou com segundas intenções. Convidamos por termos uma história de admiração pelo trabalho. O Zezé e Luciano foi uma das duplas, assim como muitas outras, que nos influenciou. Então é uma referência que a gente tem. Temos uma admiração e um respeito muito grande pela história deles, e o convite já tinha sido feito há um tempo. Depois eles foram ao lançamento do nosso último projeto, Amor de Alma, em Uberlândia. Cantamos uma música juntos, então houve uma aproximação de uns anos pra cá, além da admiração profissional. A gente também sempre teve uma admiração grande pelo Thiaguinho. Quando ele era do Exalta, já o achava um grande cantor. Ele ia a shows nossos e começou a surgir uma amizade quando nos encontrávamos nos eventos. Sempre tivemos uma simpatia por ele muito grande. Essa música, Maluco, já existia há muito tempo. A gente decidiu chamar o Thiaguinho por achar que ela é a cara dele.
Victor - E pelo fato dela jamais ser gravada por nós (risos). Ela ficava sempre guardada, porque eu fiz ela meio pagodinho, mas jamais a gravaria. Não tem a ver intrinsecamente com a gente. Nós nunca fizemos um pagode.
Leo - Semprei adorei o Nando Reis também, as composições dele, a postura dele no palco. O rock nacional é uma grande referência pra gente.
Terra - A Paula Fernandes também ficou superfeliz com a participação no show. Como é a amizade dela com vocês?
Victor - A gente já se conhece há mais de dez anos, conhecemos a Paulinha desde novinha. Gravamos uma música dela no Ao Vivo em Uberlândia e de alguma maneira aquilo ali aproximou mais o nosso contato artístico. A partir de então, depois que ela ficou conhecida e ela gravou uma música minha chamada Não Precisa, as pessoas querem muito ver a gente cantando com ela a canção que gravamos primeiro, Meu Eu Em Você. E ela participou conosco do disco passado com uma canção chamada Sonhos e Ilusões em Mim.
Terra - Como é a relação de vocês com essa nova geração de artistas sertanejos?
Victor - Quase todos são muito solicitos, elogiosos. O Michel Teló já foi a muitos shows da gente, Gusttavo Lima também... Todos eles, dessa nova geração, respeitam muito nosso trabalho.
Terra - Podem contar um pouco da história de vocês com a aquela cantora que aparece no DVD? Vocês a conheceram nos bastidores de um show?
Leo - Ela se chama Nice e a conhecemos no nosso camarim em um show em Guaçuí, no Espírito Santo. Ela entrou querendo nos apresentar uma música que ela queria que a gente gravasse. Ficamos realmente encantados com o timbre de voz dela. Pedimos que ela entrasse em contato conosco depois, para conhecer o trabalho dela. Aí ela enviou um CD com músicas que ela compôs e a convidamos para ir a um ensaio nosso em Floripa. Foi quando conhecemos mais da história de vida dela, que é fantástica. História vencedora, de uma pessoa que sofreu preconceito por parte da sociedade, por não ter condição financeira privilegiada e, com o talento e arte, seguiu na música. Ela é uma guerreira e muito talentosa.
Victor - Já houve oportunidade de pessoas querendo fazer uma matéria conosco e com ela, mas a gente prefere que ela seja lançada sozinha, como grande cantora e compositora. Se nós fizermos isso agora, vamos virar os "padrinhos", e isso pra ela não é legal.
Terra - Vocês já pensaram em apadrinhar algum artista?
Victor - Essa coisa de ajudar é muito relativa. A Nice, pra nós, é uma exceção. Ela realmente nos encantou profundamente. Ela é diferente de tudo o que a gente já viu. As composições dela são muito maduras, de ficar de boca aberta. Ela tem uma forma simplista e, ao mesmo tempo, muito sofisticada de escrever músicas. Eu acredito que nessa história de ficar pegando artistas imaturos ou muito jovens e colocando esse pessoal exposto ao "sucesso", à fama fácil, à volúpia da internet... Acho isso muito perigoso. Isso não é ajudar ninguém, porque eu acho que o artista ele não nasce pra ser ajudado, e sim pra passar arte, e se ao passar essa arte ele chega até o público, ele tem méritos. Agora, se fica famoso com a grana de alguém ou com a ajuda de um padrinho, isso não é mérito nenhum. Ele tá levantando um troféu que não é dele.
Terra - Vocês costumam se incomodar com a falta de privacidade que a fama traz?
Leo - O que mais enche o saco pra mim é o julgamento das pessoas. Mas eu ligo muito o foda-se. Quando você a vida exposta, tem que estar muito atento ao que você faz e fala. E aí você não tem tanta liberdade de fazer o que quer. Mas o fato das pessoas me assediarem ou tirarem um pouco da minha privacidade, não me incomoda, até porque se tá na chuva é pra se molhar. Eu recebo de braços abertos.
Vocês sentem falta de mais cantoras sertanejas no Brasil?
Leo - Talvez exista uma carência de cantoras sertanejas. Mas não sei se sempre foi assim. Na época em que eu comecei a escutar música sertaneja, tinha a Roberta Miranda, a Sula Miranda, mas eram poucas. Acho que ficou um tempo sem novidade no mercado sertanejo feminino, e a Paula Fernandes veio numa hora excelente, trazendo uma música de qualidade, mudando uma vertente.
Victor - Seria bom se as outras cantoras fossem boas como ela. Se tiver coisa ruim, é melhor ficar sem (risos).
Terra - Nos shows, o Victor costuma ficar mais parado, tocando o violão e o Leo ocupando o palco. Isso é só uma limitação de instrumento ou reflete um pouco a personalidade de vocês também?
Leo - Desde criança eu sempre fui hiperativo. Meus pais tinham que ter cuidado comigo, e meus filhos também são assim. Na música, é mais pelas referências que tenho, pelo que eu gosto em um artista. Então eu sempre gostei muito de ver o Garth Brooks no palco, a Tina Turner... E do rock também, que é mais desencanado, faz o que tá a fim ali e (desculpe o termo) foda-se o que vão pensar.
Victor - No meu caso até tem a ver com a minha personalidade, porque eu sou mais quieto e tranquilo mesmo. Ao mesmo, eu faço todos os solos e todos os arranjos iniciais de todas as canções. Se eu tirar a mão do meu instrumento ou me dispersar em algum momento, o show desanda. Acho que o Leo faz o resto muito bem, ele tem uma presença de palco ferrada, como poucos artistas. Não tô enchendo sua bola não (risos). Eu fico muito tranquilo, entendeu? O cara tá muito bem na fita.
Leo - Se você for verdadeiro em cima do palco, isso é tudo, porque se for mentiroso, mais cedo ou mais tarde as pessoas vão perceber. O público sente quando é uma mentira. Isso é o mais importante.
Fonte: Terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário