Leo canta até Guns N' Roses no camarim, mas base é 'sertanejo de raiz'.
Em entrevista ao G1, dupla comenta o novo CD e DVD 'Ao vivo em Floripa'.
Em entrevista ao G1, dupla comenta o novo CD e DVD 'Ao vivo em Floripa'.
Fazer misturas com parcimônia é o lema dos sertanejos Victor & Leo para chegar à fórmula de sucesso desde 2006. Os irmãos mineiros de Abre Campo juntam o gosto pela música que ouviram na infância na roça com rock, forró e outros em hits como "Borboletas", de 2008. Mas certas junções não os agradam tanto. O duo lança o CD e DVD "Ao vivo em Floripa" e comenta sobre quem mistura funk carioca e sertanejo, em entrevista ao G1. "Pergunte a uma criança hoje: 'Você ouve música sertaneja?'. 'Ouço.' 'Canta uma.' Eu tenho medo do que ela vai cantar", exemplifica Victor Chaves
O disco promove encontros com a velha guarda sertaneja (Marciano, ex-parceiro de João Mineiro, falecido neste ano, Chitãozinho e Chororó, Zezé di Camargo e Luciano), a nova guarda (a amiga Paula Fernandes, a nova cantora Nice) e artistas de outros estilos (Thiaguinho, Nando Reis e até Pepeu Gomes, que toca com eles sua "Sexy Yemanjá"). Com Nando, cantam uma das seis inéditas, o reggae "Altas Horas". Apesar dos pulinhos do ex-titã, os pés da dupla seguem firmes em terreno rural.
G1 - Este disco tem muitos convidados de outros estilos. Vocês quiseram se aventurar mais por outros gêneros em especial neste disco?
Victor - Não, isso é um reflexo do nosso trabalho desde o início, diversificado. A gente tem referência profunda da música folclórica sertaneja, de raiz, do bucolismo, e tem referência do rock, r&b, do blues. Aquilo que virou a nossa música é um conjunto dessas referências.
G1 - No sertanejo de hoje existem muitas misturas, com forró, funk, dance music. Vocês sentem essa maior facilidade de misturar hoje?
Leo - Nem tudo que dizem ser sertanejo é sertanejo. Hoje, o nome está sendo usado. O cara dizer que é sertanejo não quer dizer que seja. O fato de o estilo estar sendo escutado, prestigiado, faz com que seja usado.
G1 - Mas qual é o limite? O que é sertanejo e o que não é?
Victor - Sertanejo vem do sertão, a palavra diz tudo. O sertão mudou, então a linguagem mudou. Mas a forma de retratar precisa vir daquilo que você viveu, ter uma essência. A gente foi criado na roça. “Deus e eu no sertão”, “Vida boa”, “Sem trânsito, sem avião”, dizem respeito a isso. Uma parte boa do show é manter viva a chama da cultura sertaneja. Óbvio que existe uma parcela de referências pop rock. “Borboletas”, “Tem que ser você” são mais distantes.
G1 - Acha que pessoas que não viveram essa vida estão tentando fazer sertanejo sem conseguir?
Victor - Pergunte a uma criança hoje: “Você ouve música sertaneja?”. “Ouço.” “Canta uma.” Eu tenho medo do que ela vai cantar.
Leo - [risos] Não cita o nome não.
Victor - Numa escola pública perto da minha casa eu estava escutando a criançada de seis, cinco anos, entrando ao som de palavras sensualizadas, tidas como “sertanejo”. Isso é um pouco preocupante em nível cultural. Em minha opinião, isso é um pouco de degradação cultural. Por isso chamamos para esse DVD o Marciano. Queremos fazer com que a música se renove a partir de sua essência. Mas o que está acontecendo aí no que se chama de música sertaneja é um engano.
G1 - Acham que é possível misturar sertanejo e funk carioca e continuar sendo sertanejo?
Victor - Se você misturar café com gasolina, provar e achar bom, dê-se por satisfeito.
Leo - A minha resposta é não sei [risos].
O disco promove encontros com a velha guarda sertaneja (Marciano, ex-parceiro de João Mineiro, falecido neste ano, Chitãozinho e Chororó, Zezé di Camargo e Luciano), a nova guarda (a amiga Paula Fernandes, a nova cantora Nice) e artistas de outros estilos (Thiaguinho, Nando Reis e até Pepeu Gomes, que toca com eles sua "Sexy Yemanjá"). Com Nando, cantam uma das seis inéditas, o reggae "Altas Horas". Apesar dos pulinhos do ex-titã, os pés da dupla seguem firmes em terreno rural.
G1 - Este disco tem muitos convidados de outros estilos. Vocês quiseram se aventurar mais por outros gêneros em especial neste disco?
Victor - Não, isso é um reflexo do nosso trabalho desde o início, diversificado. A gente tem referência profunda da música folclórica sertaneja, de raiz, do bucolismo, e tem referência do rock, r&b, do blues. Aquilo que virou a nossa música é um conjunto dessas referências.
G1 - No sertanejo de hoje existem muitas misturas, com forró, funk, dance music. Vocês sentem essa maior facilidade de misturar hoje?
Leo - Nem tudo que dizem ser sertanejo é sertanejo. Hoje, o nome está sendo usado. O cara dizer que é sertanejo não quer dizer que seja. O fato de o estilo estar sendo escutado, prestigiado, faz com que seja usado.
G1 - Mas qual é o limite? O que é sertanejo e o que não é?
Victor - Sertanejo vem do sertão, a palavra diz tudo. O sertão mudou, então a linguagem mudou. Mas a forma de retratar precisa vir daquilo que você viveu, ter uma essência. A gente foi criado na roça. “Deus e eu no sertão”, “Vida boa”, “Sem trânsito, sem avião”, dizem respeito a isso. Uma parte boa do show é manter viva a chama da cultura sertaneja. Óbvio que existe uma parcela de referências pop rock. “Borboletas”, “Tem que ser você” são mais distantes.
G1 - Acha que pessoas que não viveram essa vida estão tentando fazer sertanejo sem conseguir?
Victor - Pergunte a uma criança hoje: “Você ouve música sertaneja?”. “Ouço.” “Canta uma.” Eu tenho medo do que ela vai cantar.
Leo - [risos] Não cita o nome não.
Victor - Numa escola pública perto da minha casa eu estava escutando a criançada de seis, cinco anos, entrando ao som de palavras sensualizadas, tidas como “sertanejo”. Isso é um pouco preocupante em nível cultural. Em minha opinião, isso é um pouco de degradação cultural. Por isso chamamos para esse DVD o Marciano. Queremos fazer com que a música se renove a partir de sua essência. Mas o que está acontecendo aí no que se chama de música sertaneja é um engano.
G1 - Acham que é possível misturar sertanejo e funk carioca e continuar sendo sertanejo?
Victor - Se você misturar café com gasolina, provar e achar bom, dê-se por satisfeito.
Leo - A minha resposta é não sei [risos].
G1 - Hoje no sertanejo quase tudo é ao vivo. Inclusive gravações em estúdio com acréscimo de gritos, como se fossem shows. Qual foi o limite de retoques que vocês impuseram para este lançamento?
Leo - Eu e o Victor somos muito verdadeiros. Nunca colocamos voz de público que fosse falsa num disco nossa. A gente não se permite fazer isso.
Victor - Tem gente que é preciosista. “Nossa, tem uma nota mascada ali, que absurdo”. Absurdo é ir para o estúdio tirar a nota mascada, porque não aconteceu. No violão, prefiro deixar, mesmo que fique mais ou menos. Não sei se hoje ou sempre, a maioria dos artistas grava 100% em estúdio, o que eu acho desrespeitoso com o público.
G1 - Victor, você faz solos no violão como se fosse guitarrista. Quais te influenciam mais?
Victor - Não vou citar guitarristas para não envergonhá-los [risos]. Eu não sou um guitarrista. Toco violão de um jeito meu. Aprendi sozinho a tirar um som. Tenho uma pegada que os meus músicos, estudados, falam: “É um guitarrista vestido”. Mas não sou estudado, muitas notas que toco eu não sei de onde saíram, o nome delas. Parte mais da alma do que da técnica.
G1 - Leo, e as suas referências além do sertanejo?
Leo - Rock. Quando adolescente eu até cantava numa banda antes de formar a dupla com o Victor. Cantava músicas do Guns, Nirvana, Bon Jovi, Skid Row. Tenho isso no meu iPhone. E country também. Artistas que são mais enérgicos, brincam mais no palco, sempre tive como referência.
G1 - E nessa banda você conseguia atingir as notas do Axl Rose?
Leo - Conseguia e consigo [risos].
Victor - No camarim, antes do show, de vez em quando o bicho manda ver...
Leo - Eu e o Victor somos muito verdadeiros. Nunca colocamos voz de público que fosse falsa num disco nossa. A gente não se permite fazer isso.
Victor - Tem gente que é preciosista. “Nossa, tem uma nota mascada ali, que absurdo”. Absurdo é ir para o estúdio tirar a nota mascada, porque não aconteceu. No violão, prefiro deixar, mesmo que fique mais ou menos. Não sei se hoje ou sempre, a maioria dos artistas grava 100% em estúdio, o que eu acho desrespeitoso com o público.
G1 - Victor, você faz solos no violão como se fosse guitarrista. Quais te influenciam mais?
Victor - Não vou citar guitarristas para não envergonhá-los [risos]. Eu não sou um guitarrista. Toco violão de um jeito meu. Aprendi sozinho a tirar um som. Tenho uma pegada que os meus músicos, estudados, falam: “É um guitarrista vestido”. Mas não sou estudado, muitas notas que toco eu não sei de onde saíram, o nome delas. Parte mais da alma do que da técnica.
G1 - Leo, e as suas referências além do sertanejo?
Leo - Rock. Quando adolescente eu até cantava numa banda antes de formar a dupla com o Victor. Cantava músicas do Guns, Nirvana, Bon Jovi, Skid Row. Tenho isso no meu iPhone. E country também. Artistas que são mais enérgicos, brincam mais no palco, sempre tive como referência.
G1 - E nessa banda você conseguia atingir as notas do Axl Rose?
Leo - Conseguia e consigo [risos].
Victor - No camarim, antes do show, de vez em quando o bicho manda ver...
Assista o vídeo da entrevista acessando http://globotv.globo.com/globocom
Fonte: G1.
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