A dupla Victor & Leo lançou, na última semana, seu novo CD, "Ao Vivo em Floripa". Gravado em Florianópolis, o DVD está previsto para o início de agosto.
Em entrevista ao UOL, a dupla explicou a escolha da cidade para o registro do DVD, já que há outras com mais tradição na música sertaneja, comentou sobre os convidados que participaram do projeto - no total, foram 8 -, e sobre a atual situação da música sertaneja, mais em evidência do que nunca, mas que segundo Victor, passa por uma fase "caótica".
Se comparado aos outros dois DVDs, o de Floripa é o mais despojado, o que mais se aproxima do show, sem correções, com vocês brincando o tempo todo. A imagem mais séria que a dupla sempre passou agora vai dar espaço a dois caras mais desencanados?
Victor - Não é que seja isso. Cada dia é um show diferente, em um a gente está animado, outros a gente está cansado, varia muito. O principal ponto é que o DVD é um show a ser registrado, e nesse caso de Floripa, foi uma apresentação muito para cima, muito animada, e o registro saiu assim. Quem frequenta nossos shows já viu outras apresentações como essa. E o lance é ser cru mesmo, sem mexer nas músicas depois ou utilizar alguma gravação pré-pronta. Você pode reparar até que saem algumas notas mastigadas no violão, e a gente acha isso muito legal, mostra de verdade como foi a apresentação.
Leo - Nós somos muito autocríticos, a vontade de melhorar é algo muito presente na gente. Nós ouvimos gente da equipe, da produção, perguntamos para pessoas de fora, ouvimos opiniões com o intuito de melhorar. A gente pensa muito naquilo que a gente ainda pode conquistar, e não no que a gente já conquistou. Acho que isso pesou para que o trabalho fosse positivo.
O momento mais marcante do DVD, pelo menos para quem gosta de sertanejo, é quando vocês reúnem Chitãozinho e Xororó, Zezé e Luciano e o Marciano no palco. Em alguns momentos, nota-se que vocês até somem de cena e ficam assistindo…
Leo - Cara, era isso mesmo. A gente virou espectador. Quem cresceu ouvindo eles fomos nós, e não o contrário. Nós éramos os anfitriões, mas eu não queria cantar, eu só queria escutar aqueles caras ali cantando do meu lado. Mais que um sinal de respeito, era a vontade de aproveitar aquele momento único. Eu só falava "agora o Chitão, agora o Marciano", eu queria mesmo é ficar olhando.
Porque Floripa?
Victor - Nós já fizemos grandes shows no Sul, inclusive em Floripa, e não foram poucas as vezes, isso sempre nos despertou atenção. A gente já tinha pensado em gravar algo lá, mas era só uma ideia. Um dia, sobrevoando a cidade, nós chegamos a conclusão de que o DVD seria ali e já começamos a produzir tudo, pensar em tudo. Tínhamos 20 dias para pensar em tudo, e conseguimos fazer a tempo.
Leo - Eu acho que foi o melhor show que eu já fiz. O tempo em Floripa, até um dia antes, tava ruim, chovendo, nada animador. No dia do DVD o céu ficou limpo, não choveu nada, saiu tudo perfeito. Acho que tudo conspirou para que a gente conseguisse fazer exatamente o que tava programado.
Nos outros trabalhos da dupla, o número de participações sempre foi pequeno. No novo DVD, foram oito convidados. Qual o critério de escolha para tantos artistas?
Victor - Foi questão de identificação com os artistas. Todos ali têm nossa admiração, e as músicas, na nossa opinião, combinavam muito com cada artista escolhido. Cantaram com a gente o Chitãozinho e Xororó, Zezé e Luciano, Marciano, Paula Fernandes, Thiaguinho, Pepeu Gomes, e uma moça nova chamada Nice. Nenhum convidado foi à toa. Ainda teve o Haroldo, do Skank, e o Gabriel Rossi, na gaita. Uma história boa é sobre a participação do Chitãozinho e Xororó. Nós decidimos convidá-los para gravar dois dias antes, eles participariam de "Fio de Cabelo", que estava no repertório. Toparam. Só que a gente desligou o telefone e pensou: porque não gravar uma inédita com eles? Ligamos de novo e eles toparam, apesar de também acharem que o tempo era muito curto. Resultado é que eles chegaram dois dias depois prontos, com a música quase toda pronta na cabeça, profissionalismo total.
A próxima música de trabalho vai ser "Quando Você Some", gravada com Zezé di Camargo e Luciano?
Leo - Ainda não dá para te responder não, a gente está decidindo, mas ela está na frente sim. Uns 90% que vai ser essa. Nós estamos também aproveitando para ouvir os comentários, ver a resposta das pessoas, principalmente no show. A resposta de quem já ouviu o disco também é importante, nos ajuda na discussão. Como ainda tem um tempo para virar a música nova, então a gente não fechou 100%.
Vocês não eram próximos do Zezé e do Luciano…
Victor - Não, nós não tínhamos quase nenhuma relação, até que fomos convidados para cantar no "Altas Horas" que foi feito em homenagem aos 20 anos da dupla. Ali, conhecemos os caras mais de perto, e os encontramos várias vezes em camarins, programas, e o laço foi estreitando. Na hora de escolher a música, achei a cara deles.
Desde que surgiram fazendo sucesso, cinco anos atrás, vocês nunca deixaram de fechar um ano pelo menos com uma música entre as dez mais tocadas. No mesmo período, ninguém ganhou mais dinheiro com composição do que o Victor. Como vocês veem a atual corrida atrás de hits, que tem resultado em uma série de "tchu, tcha, tcherere", alvo de diversas críticas?
Victor - Acho que tudo tem que ser respeitado. Não existe escolher algo para respeitar, você tem que respeitar tudo, independentemente do gosto. Música é uma expressão sua, e a forma com a qual você se expressa pode mostrar quem você é. Esse talvez seja o ponto a se prestar atenção. Eu já compus coisas que eu ouvi e percebi que jamais gravaria, que não tinha o perfil da mensagem que eu gostaria de passar.
Só que falando claramente, a realidade é que, no momento, o sertanejo vai muito mal, completamente em baixa. O momento da música sertaneja é caótico. O termo sertanejo está lá em cima, a música está lá no chão. Pelo que nós sabemos, o conteúdo poético é presente na história da música sertaneja, e hoje ele está praticamente morto. Nós tentamos segurar as pontas, fazer nossa parte, colocar um traço poético nas nossas letras. Só que o mercado está atrás de sucessos extremamente fáceis, e isso está sendo a bola da vez. Nós não embarcamos nesse mercado. Quem não sabe de onde veio, não sabe onde está.
Essa nova onda de músicas mais fáceis nunca incomodou vocês? Ou atrapalhou na criação de um novo trabalho? Não existe ao menos uma pequena pressão do mercado?
Leo - Pode até existir, mas não muda nosso trabalho. Desde que começamos a cantar, nós só escolhemos gravar músicas que nos emocionam, independentemente do que estão gravando. Nós crescemos ouvindo Trio Parada Dura, Zezé di Camargo e Luciano, Gian e Giovani, Chrystian e Ralf… nós nunca nos incomodamos profissionalmente com novos artistas ou músicas, nós só fazemos nossa parte e seguimos com nosso trabalho. A gente já gravou coisas diferentes, já gravou reggae, misturou outras influências, mas lembrando sempre que a principal intenção é emocionar.
Nas últimas semanas, sertanejos se manifestaram criticando o mercado, um deles foi o Jorge, do Jorge e Mateus, que chamou o meio de "podre". Vocês também veem assim?
Leo - Eu entendo o que ele quis dizer… de fato, hoje se compra tudo, e sem muito dinheiro você não faz nada. O cara compra a rádio, a festa, a exposição, a música, compra tudo. Só acho que isso não é novidade e é uma realidade da vida, não só do mercado. O capitalismo força a isso, são situações que acabam se tornando naturais. Eu acredito no tempo. O tempo vai mostrar para nós mesmos quem é verdadeiro.
Victor - Isso é da vida, é de qualquer mercado. Quando você põe seu filho na escola, você tem que ensiná-lo o justo, o que é certo ele fazer, pois sempre vai ter gente fazendo coisa errada. Em qualquer trabalho vai ter gente querendo te derrubar. Quando a gente tocava em boteco, acontecia muito, era até pior. Se a gente chegasse cinco minutos atrasados, já tinha dupla lá tocando no nosso lugar, e pior, até com nossos instrumentos. É uma realidade, pode incomodar, mas a vida é assim.
Fonte: UOL Entretenimento Música.
Em entrevista ao UOL, a dupla explicou a escolha da cidade para o registro do DVD, já que há outras com mais tradição na música sertaneja, comentou sobre os convidados que participaram do projeto - no total, foram 8 -, e sobre a atual situação da música sertaneja, mais em evidência do que nunca, mas que segundo Victor, passa por uma fase "caótica".
Se comparado aos outros dois DVDs, o de Floripa é o mais despojado, o que mais se aproxima do show, sem correções, com vocês brincando o tempo todo. A imagem mais séria que a dupla sempre passou agora vai dar espaço a dois caras mais desencanados?
Victor - Não é que seja isso. Cada dia é um show diferente, em um a gente está animado, outros a gente está cansado, varia muito. O principal ponto é que o DVD é um show a ser registrado, e nesse caso de Floripa, foi uma apresentação muito para cima, muito animada, e o registro saiu assim. Quem frequenta nossos shows já viu outras apresentações como essa. E o lance é ser cru mesmo, sem mexer nas músicas depois ou utilizar alguma gravação pré-pronta. Você pode reparar até que saem algumas notas mastigadas no violão, e a gente acha isso muito legal, mostra de verdade como foi a apresentação.
Leo - Nós somos muito autocríticos, a vontade de melhorar é algo muito presente na gente. Nós ouvimos gente da equipe, da produção, perguntamos para pessoas de fora, ouvimos opiniões com o intuito de melhorar. A gente pensa muito naquilo que a gente ainda pode conquistar, e não no que a gente já conquistou. Acho que isso pesou para que o trabalho fosse positivo.
O momento mais marcante do DVD, pelo menos para quem gosta de sertanejo, é quando vocês reúnem Chitãozinho e Xororó, Zezé e Luciano e o Marciano no palco. Em alguns momentos, nota-se que vocês até somem de cena e ficam assistindo…
Leo - Cara, era isso mesmo. A gente virou espectador. Quem cresceu ouvindo eles fomos nós, e não o contrário. Nós éramos os anfitriões, mas eu não queria cantar, eu só queria escutar aqueles caras ali cantando do meu lado. Mais que um sinal de respeito, era a vontade de aproveitar aquele momento único. Eu só falava "agora o Chitão, agora o Marciano", eu queria mesmo é ficar olhando.
Porque Floripa?
Victor - Nós já fizemos grandes shows no Sul, inclusive em Floripa, e não foram poucas as vezes, isso sempre nos despertou atenção. A gente já tinha pensado em gravar algo lá, mas era só uma ideia. Um dia, sobrevoando a cidade, nós chegamos a conclusão de que o DVD seria ali e já começamos a produzir tudo, pensar em tudo. Tínhamos 20 dias para pensar em tudo, e conseguimos fazer a tempo.
Leo - Eu acho que foi o melhor show que eu já fiz. O tempo em Floripa, até um dia antes, tava ruim, chovendo, nada animador. No dia do DVD o céu ficou limpo, não choveu nada, saiu tudo perfeito. Acho que tudo conspirou para que a gente conseguisse fazer exatamente o que tava programado.
Nos outros trabalhos da dupla, o número de participações sempre foi pequeno. No novo DVD, foram oito convidados. Qual o critério de escolha para tantos artistas?
Victor - Foi questão de identificação com os artistas. Todos ali têm nossa admiração, e as músicas, na nossa opinião, combinavam muito com cada artista escolhido. Cantaram com a gente o Chitãozinho e Xororó, Zezé e Luciano, Marciano, Paula Fernandes, Thiaguinho, Pepeu Gomes, e uma moça nova chamada Nice. Nenhum convidado foi à toa. Ainda teve o Haroldo, do Skank, e o Gabriel Rossi, na gaita. Uma história boa é sobre a participação do Chitãozinho e Xororó. Nós decidimos convidá-los para gravar dois dias antes, eles participariam de "Fio de Cabelo", que estava no repertório. Toparam. Só que a gente desligou o telefone e pensou: porque não gravar uma inédita com eles? Ligamos de novo e eles toparam, apesar de também acharem que o tempo era muito curto. Resultado é que eles chegaram dois dias depois prontos, com a música quase toda pronta na cabeça, profissionalismo total.
A próxima música de trabalho vai ser "Quando Você Some", gravada com Zezé di Camargo e Luciano?
Leo - Ainda não dá para te responder não, a gente está decidindo, mas ela está na frente sim. Uns 90% que vai ser essa. Nós estamos também aproveitando para ouvir os comentários, ver a resposta das pessoas, principalmente no show. A resposta de quem já ouviu o disco também é importante, nos ajuda na discussão. Como ainda tem um tempo para virar a música nova, então a gente não fechou 100%.
Vocês não eram próximos do Zezé e do Luciano…
Victor - Não, nós não tínhamos quase nenhuma relação, até que fomos convidados para cantar no "Altas Horas" que foi feito em homenagem aos 20 anos da dupla. Ali, conhecemos os caras mais de perto, e os encontramos várias vezes em camarins, programas, e o laço foi estreitando. Na hora de escolher a música, achei a cara deles.
Desde que surgiram fazendo sucesso, cinco anos atrás, vocês nunca deixaram de fechar um ano pelo menos com uma música entre as dez mais tocadas. No mesmo período, ninguém ganhou mais dinheiro com composição do que o Victor. Como vocês veem a atual corrida atrás de hits, que tem resultado em uma série de "tchu, tcha, tcherere", alvo de diversas críticas?
Victor - Acho que tudo tem que ser respeitado. Não existe escolher algo para respeitar, você tem que respeitar tudo, independentemente do gosto. Música é uma expressão sua, e a forma com a qual você se expressa pode mostrar quem você é. Esse talvez seja o ponto a se prestar atenção. Eu já compus coisas que eu ouvi e percebi que jamais gravaria, que não tinha o perfil da mensagem que eu gostaria de passar.
Só que falando claramente, a realidade é que, no momento, o sertanejo vai muito mal, completamente em baixa. O momento da música sertaneja é caótico. O termo sertanejo está lá em cima, a música está lá no chão. Pelo que nós sabemos, o conteúdo poético é presente na história da música sertaneja, e hoje ele está praticamente morto. Nós tentamos segurar as pontas, fazer nossa parte, colocar um traço poético nas nossas letras. Só que o mercado está atrás de sucessos extremamente fáceis, e isso está sendo a bola da vez. Nós não embarcamos nesse mercado. Quem não sabe de onde veio, não sabe onde está.
Essa nova onda de músicas mais fáceis nunca incomodou vocês? Ou atrapalhou na criação de um novo trabalho? Não existe ao menos uma pequena pressão do mercado?
Leo - Pode até existir, mas não muda nosso trabalho. Desde que começamos a cantar, nós só escolhemos gravar músicas que nos emocionam, independentemente do que estão gravando. Nós crescemos ouvindo Trio Parada Dura, Zezé di Camargo e Luciano, Gian e Giovani, Chrystian e Ralf… nós nunca nos incomodamos profissionalmente com novos artistas ou músicas, nós só fazemos nossa parte e seguimos com nosso trabalho. A gente já gravou coisas diferentes, já gravou reggae, misturou outras influências, mas lembrando sempre que a principal intenção é emocionar.
Nas últimas semanas, sertanejos se manifestaram criticando o mercado, um deles foi o Jorge, do Jorge e Mateus, que chamou o meio de "podre". Vocês também veem assim?
Leo - Eu entendo o que ele quis dizer… de fato, hoje se compra tudo, e sem muito dinheiro você não faz nada. O cara compra a rádio, a festa, a exposição, a música, compra tudo. Só acho que isso não é novidade e é uma realidade da vida, não só do mercado. O capitalismo força a isso, são situações que acabam se tornando naturais. Eu acredito no tempo. O tempo vai mostrar para nós mesmos quem é verdadeiro.
Victor - Isso é da vida, é de qualquer mercado. Quando você põe seu filho na escola, você tem que ensiná-lo o justo, o que é certo ele fazer, pois sempre vai ter gente fazendo coisa errada. Em qualquer trabalho vai ter gente querendo te derrubar. Quando a gente tocava em boteco, acontecia muito, era até pior. Se a gente chegasse cinco minutos atrasados, já tinha dupla lá tocando no nosso lugar, e pior, até com nossos instrumentos. É uma realidade, pode incomodar, mas a vida é assim.
Fonte: UOL Entretenimento Música.
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